terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O outro


Difícil começar alguma coisa que tenha como título "O outro". Nunca é fácil ver da ótica alheia. Nunca é fácil  entender as motivações de quem que não seja eu. Difícil  sensibilizar-se com algo que não tenha relação direta com meu eu ou minhas vontades. Eu preciso me amar primeiro para entender o sofrimento do outro.

Essas máximas permeiam a nossa sociedade. O eu é sempre mais importante do que qualquer outra palavra. O que EU gosto, onde EU vou chegar, o queEU quero ser da vida, o que EU gosto em alguém, o que EU posso conseguir com tal amizade, e se EU for voluntário, e se EU montar uma ONG, e se EU for bastante inteligente. O eu, está em tudo, porque tudo em nós é vaidade.

Lembro de ver uma entrevista com a cantora Claudia Leite, quando seu primeiro filho nasceu, ela dizia ao repórter  orgulhosamente, que nunca antes havia feito nada a um ser humano tão desinteressadamente. Não quero fazer juízo, mas não seriam os filhos nossas maiores demonstrações de desapego? Não seriam eles motivo de fazer de um tudo. Parece temeroso dizer que nunca antes nada foi feito com desinteresse. Talvez tenha sido apenas uma afirmação infeliz.

"Para cultivar uma atitude altruísta,
um meditador aceita o bem-estar
 dos outros no coração e reflete repetidamente
os benefícios de se importar com eles e
 tratá-los com carinho" - Dalai Lama
Estamos todos os dias nos afastando do outro, buscando nele apenas objetos de satisfação, escadas de acesso e "o mal" necessário. É preciso conviver, é preciso engolir, é preciso fingir, sorrir e dissimular, bajular ou não chego onde quero. Digo mentiras para promover planos arquitetados. Aturo o outro porque sem o outro não há vitória e não há contatos.

Raro é conversar com alguém totalmente desinteressado, atento e preocupado de fato com os nossos sentimentos e nossa vida. As pessoas se aproximam apenas quando há alguma vantagem em se aproximar. Enquanto somos úteis, a amizade é importante, deixando de ser, nos tornamos descartáveis, mais uma no rol dos descartáveis. Não há sentido em se sentir injustiçado ou preterido, apenas resta a certeza de que assim são alguns seres humanos, dotados da incapacidade de enxergar além de seus desejos, além de seus planos pessoais. E esse sentimento é tremendamente libertador. Não há expectativas, apenas determinação.

Mas qual não foi a minha surpresa de encontrar em pessoas improváveis e "anônimas", quase invisíveis, grandeza e solicitude. Um amigo de verdade, te socorre quando a multidão te dá as costas. Olha para você e diz, o se valor é inestimável. Não há interesses para essa pessoa. Esse tipo de pessoas vê além, sabe mais e tem um horizonte maior e mais amplo.

Tudo talvez em algum nível nos joga para a maldita vaidade, todos nós estamos sujeitos a ela. Mesmo essas palavras devem estar carregadas de vaidade, eu poderia simplesmente aprender a lição e viver melhor. O que me impeliu a dividir uma reflexão como essas publicamente? Talvez o desejo de partilhar uma experiência e ser útil. Ou simplesmente a vaidade de expor o que penso. Vai saber.....

Mas o fundamental não é pensarmos se somos ou não vaidosos, porque a resposta será sempre afirmativa, mas sim o que nos fará subir um degrau da evolução humana é  lutar para que os nosso atos a cada dia sejam menos preocupados com o êxito e com os ganhos pessoais e mais muito mais em favor do outro, dos outros, do coletivo, do mundo.


sábado, 27 de dezembro de 2014

Sexo: Orgasmos Múltiplos ou não.

É quase estranho falar de orgasmos múltiplos quando a maioria das mulheres luta para ter um e nem sempre esse corresponde à expectativas. Mas sim, os orgasmos múltiplos existem e bem mais do que você imagina. Inclusive, qualquer uma de nós pode te-los, basta treinar.

Mas afinal, o que são orgasmos múltiplos. Engraçado, mas o nome me soa tão bem aos ouvidos, me lembro quando adolescente, minha tia, sempre muito empreendedora dizia ao meu pai com os gestos de quando você apresenta um letreiro. "Orgasmos Múltiplos, excelente nome para um bar". Eu fiquei fascinada ouvindo aquilo, aliás eu sempre me fascinei com muitas coisas. Quando escolhi o tema para a coluna a imagem foi a primeira coisa que me veio à mente.

Os orgasmos múltiplos acontecem em sequência, um depois do outro em uma transa. As ondas de prazer seguem conforme a mulher é estimulada pelo parceiro. "Sou gulosa, eu faço sexo e quanto mais ele me penetra mais eu gozo. Tem vezes em que imploro para que ele pare. Tenho a sensação que posso morrer a qualquer minuto", disse uma amiga com amão no peito e os olhos fechados, quase que reproduzindo aquele prazer.

O que para os homens é mais difícil, devido às particularidades da fisiologia masculina, para nós é mais fácil de conseguir. Geralmente depois que goza, o pênis fica flácido mas o clitóris segue endurecido e se for estimulado mais vezes proporcionará mais prazer. O que acontece é que não voltamos à estaca zero como os homens, continuamos prontas, mas ficamos relaxadas demais para seguir sendo estimuladas. E cá entre nós, nem sempre o parceiro ajuda.

A sensação de relaxamento que um primeiro orgasmo causa quase sempre nos deixa preguiçosas. "Às vezes meu namorado quer  me masturbar antes da penetração mas eu tenho medo, sou viciada em prazer vaginal". Talvez seja esse um erro, não permitir que o nosso corpo seja estimulado, na verdade o que nos falta é tranquilidade e coragem para conhecer todas as facetas que o corpo pode oferecer, e são muitas.

"Eu nem consigo gozar uma vez, quanto mais várias", essa foi a frase que mais ouvi. Gozar a primeira vez é muito difícil, alguns vão dizer que ter prazer é mais fácil quando se ama ou se conhece a pessoa mais profundamente. Discordo completamente dessa frase, já que existem pessoas que tem orgasmos incríveis, com sexo casual. "Uma vez estava no meio do Carnaval, olhei o cara ele me olhou, aquele tesão subiu, procuramos um quarto no centro da cidade. Foi só o tempo de pagar. Acho que naquela noite eu gozei umas 10 vezes, aquele cara era demais. Combinamos de nos encontrar na praia na manhã seguinte. Foi uma merda, o cara era chato, papo chato, tudo chato. Era só sexo. Fui embora e nunca mais nos vimos", comentou entre suspiros.

O sexo, não precisa estar atrelado ao amor, conheço casais super amigos, que se amam, mas que tem um sexo meia boca. Um em especial, ela me disse que tenta, até terapia já fizeram, mas, não rolou, não rola. Fiquei triste mas é fisiológico. Sexo faz parte do casamento. O orgasmo para mulher é libertador, se dar prazer, ter prazer e dar prazer é ter poder. Não ter orgasmos é um problema, e precisamos parar de achar que é normal não sentir prazer. Ta difícil, tem que procurar ajuda, ler, se informar. As informações estão aí por todos os lados.



É fácil relacionar algumas situações à falta de prazer. Repressão - essa é a causa de 90% das dificuldades que encontramos na busca pelo prazer. E para nos libertar dos recalques sexuais, o parceiro tem uma grande participação no contexto. Para as que estão em algum relacionamento. Para as que estão sós, a dica é a mesma da coluna anterior - MASTURBAÇÃO! E liberte-se da educação repressora que te deram, ela só serve para te castrar. 

Estresse e trabalho em excesso atrapalham e muito esse momento tão esperado, na hora do sexo nada de pensar no trabalho, nas contas a pagar, no patrão, na merenda dos filhos, nos quilos que precisa perder, esqueça tudo isso. Concentre-se só no momento, nas sensações,invente histórias, fantasie, experimente. Deixe para pensar que precisa ir ao supermercado quando a transa acabar. Ansiedade, pressão do parceiro, abusos emocionais, tudo isso também pode estragar seu momento. 


Por fim uma dica, e uma tarefa, tente conseguir  os tipos de orgasmo que deveríamos experimentar;

VAGINAL - : em primeiro lugar, localize a zona quente. Numa noite a sós, explore sua parede frontal da vagina com o dedo até sentir uma área que é ondulada e de textura esponjosa. Ao tocá-la, você sentirá muito prazer. Em seguida, durante a relação sexual, certifique-se de que o seu parceiro encoste o pênis exatamente lá. Deite-se de lado e, ao mesmo tempo, de frente para o seu homem. Suas pernas devem ficar entrelaçadas nas dele de forma confortável para você — como duas tesouras se cruzando. Mantenha sua vagina e o pênis dele alinhados e certifique-se de que haja fricção contra a parede frontal da vagina -,
 CLITORIANO - Ele deve fazer grandes círculos com os dedos, que incluem o eixo, lábios e parte superior do clitóris. Ele pode fazer isso como preliminar ou enquanto você está na posição de conchinha durante a relação sexual. Se você sentir vontade de mudar para oral, peça para que ele se aproxime de seu clitóris indiretamente, deitando-se perpendicular a você ,
MISTO a posição da mulher em cima é popular por uma razão — ela é perfeita para estimular tanto a vagina, como o clitóris. Mas você também pode tentar sentada no colo do seu parceiro de costas para ele (ele pode estimular o seu clitóris enquanto você controla o impulso.  
MÚLTIPLO - comece com preliminares e peça para seu parceiro te fazer chegar ao primeiro clímax usando as mãos, a boca ou um vibrador. Logo em seguida, ele deve continuar a estimular o seu clitóris de forma mais lenta por cerca de 30 segundos e, depois, retomar o ritmo normal para você chegar novamente ao orgasmo.

Claro que abri o artigo falando sobre os orgasmos múltiplos, porque justamente é o que desejo para todas vocês. Mas vale tentar cada um deles e todos ao mesmo tempo. exige disciplina e conhecimento mas dá pra chegar lá. Sozinha ou acompanhada. Boa viagem!!




* A coluna é feita a muitas mãos, mande você também sua opinião sobre o tema da próxima semana. E não se acanhe, homem também pode participar  O sigilo é garantido, pode falar!Fale comigo no zap – 22 99806-8537 ou por e-mail – camilarauppcom@gmail.com



quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Comportamento : Um Natal reflexivo

Esse ano não rolou 13º e salário ficou atrasado. Recebi hoje, em cima da hora. Comprei uma lembrancinha  para os meus filhos e afilhada, e foi o que deu para fazer. Tivemos que cancelar o amigo oculto porque a grana ficou curta também entre os meus.

Eu teria um milhão de motivos para escrever um  artigo  e viver uma noite de Natal triste e sem motivação. Mas vi todas essas coisas como dádivas e oportunidades que a vida me deu para repensar algumas coisas básicas da minha vida.

Natal é todo dia. Somos escravos de datas, como se nesses dias específicos tivéssemos que ser melhores ou fingir que nada de mal acontece. A vida é todo dia e não temos controle nenhum sobre o que nos acontece. Pode ser doloroso o que vou dizer, mas, quem precisa de datas para reforçar amor, ainda não aprendeu a amar.

Meu pai ontem me dizia sobre um Natal, ainda lá em Porto Alegre, que ele não tinha grana para presente, ceia, para nada. E me comprou um brinquedo, um Bogs (na foto). Eu ainda lembro o nome do bicho. Ele me disse que teve vontade de chorar à época. E eu voltei para casa pensando, gente, mas é o único brinquedo de que me lembro na infância. Ele me deu ao longo da vida diversos presentes sensacionais, mas esse, esse ficou grudado na minha memória.

Bogs - o meu era exatamente assim. :)
O que nós, adultos, não entendemos é que quando Jesus disse para sermos como crianças, era isso! Uma criança não entende recessão, falta de dinheiro, a criança entende a linguagem do amor. Outro dia conversava com meu sogro sobre presentes, ele foi nos ver e levou uma porção de brinquedos baratinhos para os meninos, que curtiram tanto que se esqueceram da vida brincando no tapete. Conheço meus filhos, se ele tivesse chegado com um brinquedo caro, eles não iam dar a mesma importância e se quebrasse ficaríamos todos chateados.

Minha família buscapé!


Os seres humanos são complicados, esperam demais, se apegam demais a coisas pequenas. Quando o gestos, o gesto de se perdoar, de confraternizar, de se ver, de gastar tempo uns com os outros, ouvir, rir, relembrar Natais piores, melhores. E a louça, que fique para ser lavada no dia seguinte, e sujeira e a bagunça das crianças é para nos mostrar que estamos todos vivos e com saúde. E tendo isso, não precisamos mais nada.

Eu quero fazer a minha parte, quero gastar tempo com os meus, abraçá-los, e dizer como os amo e como me sinto grata por não ter conseguido comprar tudo que havia planejado. Foi melhor assim.

Para vocês que me lêem um feliz Natal e que nessa noite Feliz possamos de fato mudar as coisas.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Sexo Semanal: Tamanho é Documento?


Em nosso encontro semanal o assunto era só um, sexo! Estou feliz demais porque acredito que atingi o meu objetivo incial: falar de sexo. E olha, tentei falar de outra coisa, mas parece que o assunto ficou em alta, pelo menos no meu grupo. Quantas experiências podemos trocar quando nos damos o direito de falar. Por onde passo, ultimamente todas as minhas amigas dizem a mesma coisa "Estou adorando a coluna, estou conseguindo falar com meu marido, experimentando coisas novas", "Me masturbei ontem pela primeira vez", "Tive um orgasmo incrível". 


Tentei fugir do tema, queria escrever sobre outro assunto, mas elas só pensam nisso. A obsessão pelo pênis é surpreendente, seja pelo prazer, seja pelo poder. O pênis representa poder, tanto para os homens quanto para as mulheres. Será por isso que a preocupação com o tamanho é maior que com o desempenho? Afinal, tamanho é documento? Ou será que nós é que damos muita importância para o orgasmo vaginal? Em 2012, um estudo com 300 mulheres descobriu que 60% afirmaram que o tamanho do pênis não faz diferença mas que, entre aquelas que já tiveram orgasmo, existia uma preferência por pênis mais longos, com cerca de 16,5 centímetros. Já correu para pegar sua régua, fita métrica,trena para medir o bofe?

Descobri que tamanho é documento para a maioria das mulheres, "Bem robusto" uma disse. "Quanto mais grosso melhor". Apenas uma ousou dizer que "basta uma cabeça larga para fazer a felicidade". Mas antes disso precisamos falar sobre os esteriótipos, vamos aos fatos, ou, as pesquisas. Nos países onde há predominância da raça branca, pênis que têm entre 12 cm e 18 cm de comprimento em ereção são considerados médios. Cerca de 90% estariam dentro dessa faixa. O pênis do brasileiro em média tem 16, comparado à média mundial  que é de 13,6 centímetros, nosso brazucas estão bem na fita. Amigas bastante experientes, confirmam a tese, "afinal moramos em Búzios e já estive com gringos, prefiro produto interno e bruto. Já peguei cada microchip", como sempre morro de rir com os comentários. São a melhor parte.

Os mais "pirocudos", segundo pesquisa, não tem jeito são os africanos, mais especificamente os nativos do Congo, com 18 centímetros na média. Já os chineses, estão em desvantagem, com apenas 10 centímetros em média. Isso confirmaria a tese, um tanto racista, mas que se confirma na prática, de que os africanos são os mais avantajados? "Amiga, todos os negões com quem fiquei, eram muuuito bem servidos", completou uma delas fazendo aquele famoso gesto com as mãos. Mas não é para sair por aí dispensando os chineses e liberando geral para os nossos amigos do Congo. Sexo não é só penetração, não esqueça disso. No ruim, dá para usar os brinquedinhos da coluna da semana passada. 

Porque falar de pau com homem é tão difícil, ou melhor, falar de tamanho de pau com homem é muito difícil. Afinal eu precisava da opinião de pelo menos uns três. Assim como nós, quando falamos de sexo, nos encolhemos imagino que quando tocamos nesse assunto com eles, devem imaginar a gente com uma trena na mão. Ou pensando, "esse cara tem cara de pinto pequeno". Como assim? E por acaso quem vê cara vê pinto?

Todo homem quer ter pelo menos mais dois centímetros de pau, "O cara pode ser o mais foda na cama, o pegador, ele sempre vai achar que o pau poderia ser maior". Mas gente! "Mas é claro, se ele tiver um pau pequeno e a língua for grande, tá resolvido o problema". "Acho que o mais difícil não deve ser o cara ter pinto pequeno, mas torto, deve machucar a mulher, sei lá", completou um amigo rindo meio de canto de boca. Infelizmente nenhuma das minhas colaboradoras me contou um experiência

desse tipo. "Pinto torto nem é o problema, talvez o pior seja o pinto mole mesmo", a gargalhada foi geral. "Mas para isso temos viagra, a libertação do homem". Uma completou, "pode até funcionar, mas deve ser feio pra caramba".


Me lembrei de uma história contada por uma amiga que trabalha em pousada que me contou que um casal de 80 e tantos anos estava hospedado e que de manhã um casal jovem de 20 e poucos veio reclamar do barulho que eles faziam na madrugada. "Ta aí, não disse? Viagra!". Sexo não tem idade nem tamanho, é só conhecimento. O tamanho talvez não seja tão importante, e tlavez caiba a nós dar fim a esse mito. Homens, tamanho não é documento, se você sabe o que fazer com ele.





* A coluna é feita a muitas mãos, mande você também sua opinião sobre o tema da próxima semana. E não se acanhe, homem também pode participar  O sigilo é garantido, pode falar!Fale comigo no zap – 22 99806-8537 ou por e-mail – camilarauppcom@gmail.com

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Eu vendia sonhos!

Eu não sou buziana de nascimento. Cheguei aqui aos nove anos, quando meu pai, decidiu tentar a sorte em uma cidade e uma cultura completamente diferente da que estávamos acostumados. Búzios há apenas 20 anos atrás (uau 20 anos.....) era quase uma vila de pescadores que recebia gente de todos os lugares que se pode imaginar.


Imagine então o impacto de ser uma criança e ouvir pessoas dos mais variados tipos e cores, sotaques e idiomas, culturas e costumes. Era quase um faz de conta, um lugar imaginário, onde a gente ia comprar roupa com dólar. Essa mesma cidade tinha um comércio bem peculiar. Muitas lojas, lojas de roupa, de souvenir, de cangas, de chinelos, de tudo que pudesse ser útil ou fizesse lembrar ao turista que ali era Búzios.

Meu pai tinha uma loja quase em frente ao Pier, ORCHID, muita gente deve lembrar dela. Para mim era o máximo estar ali naquele mundo tão diferente, onde tudo parecia tão lindo, tão colorido. Coisas que só a cabeça de uma criança podem enxergar. Ir até o pier, ou visitar o Le Club eram passeios esplendorosos. Me lembro bem de um senhor, acho que era gerente no Le Club, francês, seu nome era Salla, sempre dava à minha irmã um mousse de chocolate. Era tão sonoro o jeito com que as palavras cheias de sotaque saíam de sua boca.

Um dia,numa tarde chuvosa, minha mãe encontrou uma receita de sonho e fez pra gente, ficaram deliciosos. E não sei como, quando percebemos, eu estava nas ruas do centro da cidade - nós morávamos muito perto do Centro - vendendo sonhos de loja em loja. Eu era tímida e ainda sou muito, mas passava de loja em loja oferecendo os sonhos, com uma bacia verde. Essa bacia verde com tampa transparente e redonda é tão viva na minha memória que eu quase posso toca-la. O cheiro do sonho misturado com o plástico estão aqui agora no meu nariz.

Eu vendia pra caramba. Meu melhor freguês era o dono da loja Bee. Ele sempre comprava o final do estoque. Eu começava pela praça, subia a Turíbio e acaba em frente a Bee. Ele me mandava subir e a sua esposa comprava o que havia sobrado na bacia. Eu saía contente e feliz, com a alegria e ingenuidade que só as crianças tem. Ninguém me pediu pra vender sonhos nas lojas, eu queria. E gostava e fazia bem. Acho que fazia bem para minha mãe também. 

Vendendo sonhos compramos nossas passagens naquele verão para visitar minha família no Sul. Foi tão legal saber que eu contribui com um sonho. O sonho da minha mãe de matar as saudades das suas irmãs. Meu pai nem deve saber, mas muitas noites enquanto ele trabalhava, ela escrevia cartas pra minha tia e chorava. Eu tenho essa imagem dentro de mim. E ela me pedia: - Filha, não conta pro teu pai que a mãe chorou. Eu não contei. E hoje entendo as lágrimas dela. Muita coisa ficou para trás, mas era preciso, era preciso tentar. E ela confiou no meu pai. Fez o certo.

Depois daquele verão vendendo sonhos eu fiz muita coisa ainda. Eu acho que sempre fui uma boa filha. Temperamental e geniosa, e com uma personalidade muito forte. Mas sei que quando meus pais pensam em mim se orgulham, pois temos muita história pra contar. 

Depois dos sonhos, tentamos bolo de maçã e banana, bolo de chocolate e torta. Mas nunca mais vendeu como os sonhos. Acho que tem coisas na vida que são únicas. E deixam na gente uma marca que nem o passar de muitos anos apaga. Essas pequenas histórias são parte do que somos. E elas nos fazem fortes. Muitas outras coisas na minha vida foram assim como o sonho, chegaram, tiveram seu tempo e acabaram. E ficarão para sempre guardadas no rol das minhas muitas histórias, que conto ao longo da vida.

Cacos de nossas Relíquias

Passei a semana me perguntando o que fazemos com os cacos de nossas relíquias. Pensando e organizando as minhas ideias para endireitar os meus pensamentos. Perdi duas noites de sono, uma tarde de frases incompletas, pensamentos soltos escritos de forma aleatória. Nenhum deles me pareceu satisfatório ou era capaz de reproduzir o borbulhar de ideias que estavam dentro do meu peito. Até agora.


Somos uma mistura incrivelmente eficaz de experiências e palavras. Todas as experiências que vivemos e as palavras que ouvimos e lemos fazem parte do que somos. Posso até mudar de roupa, de cabelo, de cidade, de amigos, mas não posso mudar os acontecimentos da minha vida. Eles permeiam toda a minha existência, mesmo que eu tente fugir, o que vivi será sempre o que sou.

O começo desse meu pensamento nasceu quando estava lendo um livro que há muitos anos estava na minha estante, quase que esquecido, quase pedindo para ser lido de novo. Um livro com uma dedicatória de uma mulher admirável que estando em posição superior foi submissa à um jovem. Não confunda aqui submissão com autoridade. Essa submissão é fruto sim, de relacionamento e respeito. Li esse livro pela primeira vez há uns seis anos atrás, emprestado por um grande amigo.

Em uma viagem de volta à um passado não tão distante, minha mente me levou à algumas experiências que vivi, sobretudo, religiosas. Lembrei de momentos e de frases de pessoas muito próximas à mim. Palavras de sabedoria, outras nem tanto. O fato é que, já ouvi tanta coisa, já me ensinaram tanto. Quantas vezes, me deram soluções mágicas, ou infalíveis. Planos mirabolantes, ou ações para facilitar a minha busca.

Ora, uma busca nunca pode ser facilitada, e é pessoal e intransferível. O que move e faz alguém ir adiante nem sempre funcionará para mim. Impôr aos demais suas próprias experiências é acreditar que a vida não se renova, que não é capaz de fazer de nós tão especiais e únicos, que precise de um plano específico para cada um.

Destruir e reduzir a cacos nossas experiências é como matar quem somos. Lembro de um amigo que ao se tornar evangélico, destruiu uma imagem atirando-a ao chão, por acreditar estar nela mil demônios. Ele era um apaixonado pela mãe de Deus. E lembro de uma amiga que sempre evangélica, não podia usar chapinha nos cabelos a pedido de Deus em uma revelação. Ela hoje é católica  e usa os cabelos lisos.

Até que ponto a influência exterior nos leva as ser quem não somos apenas por condicionamento social? Sofremos calados por querer seguir amando a mãe de Deus, ou tendo os cabelos lisos. Agradamos uma parte das pessoas e desagradamos outras. Sofrendo e nos impedindo de ser feliz por conta do julgamento de quem não importa.

É possível nessa sociedade ser católico e cultuar a Deus em um templo protestante? É possível ser evangélico e com amor, ir à cerimônias católicas sem julgar? É possível ir á Índia e se maravilhar com a religiosidade dos hindus? É aceitável um monge budista te trazer a paz em uma frase de Buda?É possível ir a um terreiro de umbanda e falar com Deus sem medidas? Pode um muçulmano citar Jesus com os olhos marejados por sua grandeza como profeta? Pode um judeu dizer Shalom e não ficarmos em paz porque ele não acredita no Messias, Jesus Cristo? Pode o Ateu ser mais capazes de gestos generosos do que o cristão mais altivo?

Podemos evoluir, podemos aprender a amar, é só se deixar AMAR! Eu continuo a minha busca. O final é o menos importante. O que não posso é deixar de ser quem eu sou, nem deixar de acreditar nas coisas que acredito, só pelo simples fato de desagradar alguém.
A paz, Deus seja louvado, Shalom, Namastê, Axé, Salaam Alaikum

Masturbação II

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A masturbação é um tema tão complexo que rendeu a semana inteira. Foi a primeira vez que após a coluna sair os comentários se seguiram a semana inteira, e simplesmente não consegui escrever sobre nenhum outro tema a não ser me manter no mesmo. As perguntas foram muitas e as dúvidas também, precisei de ajuda e de pesquisa. O tema é vasto minha gente.
O tema foi tão rico que na quarta-feira enquanto trabalhava, recebi uma mensagem de um sex shop da cidade, elogiando a coluna e dizendo que estava convidada para conhecer a loja. Fui visita-los e de novo não pude deixar de falar do tema. Masturbação. Conversamos e quando percebi estava rodeada de consolos, vibradores e o famoso coelho sorridente.
As mulheres se masturbam, e muito!! Mais do que você possa imaginar. As opções são tantas que a gente se perde. É tudo muito engraçado, espontâneo e divertido. Mas as mulheres não tem frequentado tanto assim a loja, se queixou o dono. Uma amiga na quinta-feira me disse “Ah não vale, ter parceria com sex shop para coluna, eu tô solteira!”. Prontamente respondi, – Mas é por estar solteira que você precisa frequentar a sex shop gata. Quem disse que não podemos nos divertir sozinhas?

Sim, precisamos falar sobre sexo, sim precisamos falar sobre orgasmos, sim precisamos parar de ter medo de dizer – “Yes, a gente goza”. Como a gente fala pouco de sexo, e faz muito sexo (sim cada vez mais vezes e mais cedo), cada vez mais o sexo fica ruim e a gente sente menos prazer. Fácil né? É matemática, não dá pra ter prazer se você não sabe onde sente prazer. Como vai dizer ao seu parceiro que sente prazer aqui ou acolá se você não sabe nem onde fica o seu clitóris?
“Não consigo me masturbar, parece que a minha mãe está me olhando”, disse uma das meninas sem menor cerimônia. Mas caramba, o que a mãe dela tem a ver com o prazer que ela sente? Bem, de certa forma muito, se a mãe tem recalques, possivelmente a filha ou filhos também. O papel de pai e mãe no quesito “liberdade sexual” é muito importante. Mas esse, é um tema para outra coluna em outro momento.
Se você nunca teve um vibrador ou nunca se masturbou é hora de começar. Prefira os modelos menores e menos agressivos, procure um momento só seu. E principalmente, forme um grupo de amigas e vá ao sex shop, ficou com medo, me chama que eu vou junto com você. Aliás estou pensando seriamente em montar um grupo para visitas guiadas ao sex shop. Que isso gente, sex shop não morde e o capeta não está lá pra te mandar pro inferno. Se é chato ir sozinha, vamos juntas. São tantos, as opções estão ao alcance de sua mão.
Entre os produtos que você pode experimentar estão bullets, plugs anais, vibradores, estimuladores clitorianos, anéis penianos, vibradores em u, ponto g, e aqueles mega realísticos que podem até te fazer confundir alhos com bugalhos. E sim, os vibradores são para serem utilizados com o parceiro também, por que não? Muitas mulheres tem o sonho de serem as comandantes na hora do sexo, e não precisa ser somente usando aqueles famoso cinto, se é que você me entende.
Aliás, quem disse que pra ter prazer sexual precisa ser pervertida, puta, agnóstica ou ateia? Sexo é bom e todo mundo gosta. Uma amiga reclamou muito do fato de acharem que as evangélicas são retrógradas e não sabem gozar. “É mentira, ter ou não prazer não tem nada a ver com a fé e sim em como você se relaciona consigo mesma. Alguns pastores inclusive tem falado muito sobre o tema e tem ajudado principalmente para as mais jovens”. Sexo tem a ver com conhecimento e auto-estima.
Um amigo pulou no meio e disse, “Namorei três evangélicas, e elas sabiam muito. Fogo puro”, eu ri alto. Foi a primeira vez que um homem deu uma opinião sobre o assunto. Até agora apenas as meninas haviam se posicionado sobre o tema. Aliás tenho recebido muitas mensagens dizendo que seguem a coluna e que sentiam falta disso em Búzios. Eu estranho, talvez porque pra mim seja um assunto tão natural. Mas já disse no primeiro artigo, senti medo. Mas agora passou.
Quando cheguei no sex shop hoje a primeira coisa que me chamou a atenção foi o fato do dono da loja me dizer que me achou corajosa por falar do assunto em Búzios. Foi a primeira vez que pensei sobre o assunto, em como a coluna poderia estar me expondo, e rapidamente me veio a mente que nunca em nenhum momento pensei no lado negativo de falar de sexo. Porque não consigo ver nenhum lado negativo sobre isso. “Quanto mais pessoas falando sobre sexo, melhor”, disse ele. Eu concordo, e você?
Talvez esteja na hora de tirarmos do sexo esse semblante carregado e dar a ele a leveza que lhe pertence. Todo mundo, ou quase todo mundo faz. Por que não falar sobre isso? Até a próxima. E não esqueçam, gozar é preciso!
Na próxima semana vamos falar sobre um tema que poucas mulheres conhecem mas que auxilia em diversas situações que você nem imagina, o Pompoarismo.
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Masturbação é um tabu?

01Falar de masturbação é fácil, em se tratando do mundo masculino é claro. Para nós mulheres esse tema á mais difícil do que falar de sexo propriamente dito. Ou você já conversou com alguma amiga sobre como se masturba? Os meninos falam de punheta o tempo todo, é até chato, e não pense que é só na adolescência. Solteiros, casados, jovens, velhos, para eles é desestressante, alivias tensões, acalma, deixa a mente mais leve.
Porque para nós mulheres, é tão complicado falar sobre isso? Será porque masturbação não é coisa de mulher? Ou porque homens tem necessidades diferentes das nossas? Mas, antes disso, será mesmo que mulher não se masturba? Será esse um mito a ser derrubado? Muitas perguntas para um parágrafo só.
Mulher se masturba sim, mas muito menos do que deveria, 1/3 das mulheres do planeta, segundo pesquisa realizada há cerca de 50 anos atrás, nunca havia se masturbado. E pasmem, após 50 anos o número pouco mudou. Pesquisando sobre masturbação encontrei uma Guru da Masturbação, em Nova Iorque ensinando as mulheres a ter prazer. Sim, com espelhinho, nuas, se tocando. Aprendendo através do próprio corpo a terem auto-estima e se conhecerem. Uma revolução.

Em São Paulo, no Rio, e até aqui na região existem gurus do sexo, que oferecem cursos para qualquer  a mulher aprenda a ter orgasmos, a se conhecer, a melhorar a auto-estima e ser feliz. Basta gastar alguns minutos no Google pesquisando e você encontra uma infinidade de vídeos e artigos científicos sobre o tema.Masturbar-se só é tabu se você quiser fazer dele um tabu.
A palavra “masturbação” é feia, disse uma das meninas, quase caindo para trás da cadeira.
Talvez isso nos desencoraje um pouco, mas masturbação nada mais é do conhecimento. Outra amiga me disse que nunca teve orgasmos com o parceiro, nem tentando a masturbação, apenas com vibradores. Ela me falou isso com pesar, disse que não era culpa dos namorados e do atual marido, apenas não tem nenhuma noção do porque isso acontece, mas lembra que quando adolescente perdeu a virgindade com muita voracidade e porque já era a última da turma. Perguntei o que a travava hoje e ela disse que tem medo de se tocar, acha que está traindo o marido.
Muitas mulheres não enxergam a masturbação como conhecimento mas como “safadeza”, um jeito bem machista de enxergar as coisas, já que como disse antes, para os homens é natural, o sexo sempre pertenceu à eles. Somos nós é que precisamos entender que o sexo, em sua totalidade também foi feito para nós.
Outra amiga disse que se masturba desde sempre, de várias maneiras mas a quem mais gostava quando adolescente era o chuveirinho. Eu rio alto e ela me diz que sempre que todos da casa estavam vendo televisão ela corria para o banheiro, ligava o chuveiro e nada de banho, era direto para o chuveirinho. “Ninguém desconfiava, a novela era mais interessante e eu me acabava, aprendi a me conhecer”.
Ao contrário do que muitas negarem, ou afirmarem: “Ah, esse assunto é complexo”, a maioria das minhas colaboradoras já se masturbou. Uma me disse que a vida é muito corrida, e as vezes simplesmente não sente vontade de transar, ou está cansada demais para gastar tempo com as preliminares e tem diversos acessórios que ajudam na excitação, um deles um consolo (odeio esse nome, parece tão triste um acessório para prazer, com um nome tão triste rsrsrs), guardado a sete chaves, que nem o marido sabe que existe. “Junto com uma pomadinha, faz milagres”.
Eu me encanto com o que um papo produz, a troca de experiências, e a vastidão do tema. Mas nesse tema em especial uma grande amiga que não vejo há algum tempo mas que falo sempre pelas redes socais me mandou suas dicas especias, que aprendeu com o marido, incrível né? 1.Escolha um ambiente em paz, 2. Fique nua, se toque inteiramente, não só na sua vagina. 3. Lubrifique-se. 4.Toque, circule, apalpe, sinta cada sensação do seu corpo. 5. Deixe fluir e seja feliz.
Masturbação não tem idade, basta você começar, comece e simplesmente Goze!

Dar prazer é ter poder?

Para começar, não sabia como essa coluna traria repercussão e comentários; quer dizer, eu sabia, mas não sabia que iam ser comentários positivos.
poder e prazer
Nunca antes na história do meu facebook, nem na época em que eu comentava sobre política, o meu inbox foi tão movimentado. Amigas que eu nem imaginava que iriam ler a coluna me dizendo que estavam eufóricas com a próxima – no caso a de hoje – quanta pressão! Mas como eu não sou de negar fogo – literalmente – vamos sim ter um segundo artigo, afinal, ninguém me apedrejou em praça pública, nem me chamou de bruxa, ou de puta.
O tema dessa coluna, que com certeza vai dar o que falar é – As Mulheres sentem prazer em ver o parceiro ter prazer? Sim, é o que 90% das minhas colaboradoras afirmaram categoricamente. Eu sinceramente, me assustei com as respostas, achei que menos mulheres se preocupavam com o prazer masculino. Afinal, estamos sempre às voltas com o nosso próprio – difícil e carrasco – orgasmo. Então mudei o foco do artigo e inclusive o da pergunta, o fato é – Dar prazer é ter poder?

Segundo uma amiga, linda, poderosa e mãe mais de uma vez me disse que sim, é poder, “é delicioso ver o parceiro gozar, dá uma sensação de poder sabe, do que a gente foi capaz de causar no homem”. E ainda perguntei a ela se achava que isso era uma exclusividade dos casais em relações monogâmicas, e ela foi taxativa, “sempre fui assim”.
A mulher é poderosa mas não se dá conta disso, os homens quando perguntados sobre o que os excita e os faz sentir mais poderosos no sexo, dizem sem pestanejar: Ver a mulher gozando. Ora, se o maior prazer do homem é ver a parceira gozar, e o poder da mulher é ver o homem gozando, cassetada! Somos poderosas demais! Temos e oferecemos poder ao mesmo tempo. É hora de liberarmos esse ‘inner power’.
Mulheres sempre tiveram poder, um poder sexual que destruiu grandes homens ao longo da história, para citar algumas; Helena de Troia, Cleópatra, Jezabel, entre outras. Negar esse poder da mulher sobre o homem é reafirmar de certa forma, esse medo que temos de ser objeto sexual, quando na verdade o poder é nosso. Uma colaboradora me disse o contrário, “Acho que essa é a vontade da mulherada, para a maioria, dar prazer é sinônimo de ter poder, mas,não quer dizer que seja assim”. E realmente não é, algumas se valem apenas disso. Mas podemos condenar esse comportamento? Não é esse também um motivo de celebração, a liberdade sexual que tanto lutamos e defendemos? Como o lema da Marcha das Vadias; Seu corpo, suas regras.
Poder é fato que temos, a questão é como usamos esse poder. Uma mulher solteira e com inúmeras possibilidades pode não saber usar esse ‘poder sexual’ ao passo que uma mulher casada pode usar e abusar dele ao ponto de escolher o que quer ou não no sexo. “Eu tenho poder sexual, meu marido é louco por mim, a gente transa pra caramba, várias vezes na semana e temos filhos, a gente tenta sempre novidades e ele está sempre louco de tesão. Isso me dá poder para dizer com todas as letras – Na porta dos fundos – NEVER”.
Morro de rir com o comentário e penso que as mulheres hoje tem muito poder sexual, e segundo o que uma recém solteira me disse “Só homem babaca hoje em dia, fica preso por causa de sexo, temos poder ali no ato, durante a transa, mas no dia a dia, dificilmente um cara vai ficar enfeitiçado pela chamada ‘buça de ouro'”. A ‘buça de ouro’ existe, conheço uma meia dúzia de homens enfeitiçados somente pela possibilidade de ter aquela mulher, fantasiam e se doam ingenuamente, ou não. As inteligentes, ou espertas se valem desse poder e o usam. Vejo isso todos os dias nos lugares onde transito, esse poder sendo usado, inclusive, é mais forte o poder da transa imaginária. Esse poder é infinitamente maior.
Ter poder sexual não faz de nós prostituas ou ‘sem-vergonhas’ como diria um amigo, mas faz de nós seres livres e capazes de decidir o que queremos ou não. E discutir esse assunto de forma livre e sem tabus, nos dá ainda mais poder. Let´s go girls! Don’t waste your girl power!


As opiniões são o que movem essa coluna, mais do que citar as grandes feministas, ou os filósofos, gosto do empírico, do dia a dia. Adoro conversar sobre sexo, ver como a mesma questão faz cada uma ter uma opinião, que no somatório geral nos ajuda a entender esse complexo e maravilhoso mundo onde vivemos. E confesso que me sinto mais a vontade nesse segundo artigo, me sinto quase relaxada, mas não, ainda não gozei com ele, o artigo. Mas estou quase lá.

A foda nossa de cada dia

Aceitei com muito medo mas com muito tesão o desafio de escrever uma coluna sobre sexo no Blog do ‘O Perú Molhado’ todo sábado. Na verdade eu sempre quis escrever sobre o tema, que é tabu e que sempre que o menciono percebo que as mulheres à minha volta se encolhem e ruborizam.
 Falar de sexo não é tarefa fácil, o tema é envolto em recalques. Grande parte das mulheres quer conversar sobre sexo, trocar experiências, contar histórias, mas fomos ‘adestradas’ a desde muito cedo não falar  sobre gozar, sobre libido, sobre fetiches porque é feio e meninas comportadas, ou no meu caso mães de família, não falam sobre suas intimidades.
Mesmo no meio das mais descoladas,  modernas e aparentemente seguras, o medo e receio são mais fortes. Parece até que estamos cometendo algum pecado muito sério, ou que alguém a qualquer momento pode repreender o grupo pelos comentários – tá certo, as vezes os comentários são exagerados – na mesa do restaurante.
O tema desse meu primeiro artigo é  a ‘A foda nossa de cada dia’. Sim, porque todas nós merecemos. Mas merecemos todo dia meia boca ou de vez em quando um espetáculo? Deixa eu explicar, não é fácil para nós mulheres chegarmos lá, é um processo. E nem sempre nossos queridos parceiros estão dispostos a gastar esse tempo. E as fodonas passam a ser fodas, fodinhas até não rolar mais nada. Não, não, não, nem pensar. É hora de virar esse jogo.
A maioria das minhas parceiras de coluna – sim elas existem e fazem a coluna junto comigo – e que me relatam suas opiniões e experiências, dizem que preferem uma foda espetacular, demorada e longa ás rapidinhas. Não que as rapidinhas não sejam importantes, elas são. Mas são uma espécie de preparação, ou  treino. Especialmente para quem tem um parceiro fixo.
phpThumbFoi interessante ver as reações à pergunta – Você prefere fodinhas durante a semana ou uma fodona no sábado? Uma pulou da cadeira em posição de sentido dizendo: “Lógico, uma fodona no sábado!”. Outra disse,  “peraí, mas por que sábado?”. Ok eu não me expliquei direito, sábado é uma suposição, digamos que seja na segunda, não é questão de data, dia marcado mas de capricho. Outra amiga disse que o parceiro é muito bom e que ela fica muito satisfeita com uma vez por semana, que é maravilhoso e que ela vê fogos de artifícios com orgasmos múltiplos e fica sem aquele tesão enorme, mas que transa com ele todos os dias apenas pelo prazer de vê-lo gozar.
Outra, essa não tem namorado e curte uma badalação, me disse que a noite reserva muitas surpresas e que ultimamente tem sido muito difícil encontrar um cara disposto a gastar tempo, realizar fetiches, tudo é muito rápido, falta delicadeza. “A parada é que tem que estar a fim. Não dá pra transar 7X por semana só porque TEM QUE transar”, disse uma delas, que anda consumida pelos estudo mas não deixa de reservar um tempinho para o prazer.
Sexo é um assunto muito complexo e divide mesmo as opiniões, causa frisson, quando uma começa a falar, os ânimos se exaltam. Nós mulheres adoramos contar umas para as outras nossas aventuras, mas que nosso parceiro nunca saiba e que nunca seja em grupo e nem com amigas das amigas. É tudo segredo, somos quase uma irmandade. E nunca falar demais nos bate papos da vida, vai que uma delas dá um print?
Tenho uma amiga que sempre que conversamos me fala sobre seu “namormigo” (o namormigo é uma novo e raro espécime que se encontra com pouco frequência, é aquele cara que é teu amigaço e que sem querer você descobre que é bom demais de cama). Como é bom, sem cobranças, sem contagem, é só sempre ‘fodástico’ como ela mesma diz. E nada de dormir de conchinha, cada um na sua casa. Esse tipo realmente está cada vez mais escasso, quem tem que segure o seu.
Eu escrevo a coluna rindo e lembrando das conversas, como é bacana ver as minhas amigas descontraídas, trocando experiências, só posso desejar um mundo onde cada vez mais possamos falar de sexo sem o sentimento de culpa. Não vou mentir para vocês, estou com uma pontinha de medo das reações á essa coluna, mas todas as opiniões serão sempre bem-vindas. Aliás, já elenco o tema do próximo sábado – Mulher sente tesão vendo o parceiro gozar? Será esse um fetiche exclusivo dos homens? Até semana que vem. :D

* A coluna é feita a muitas mãos, mande você também sua opinião sobre o tema da próxima semana. E não se acanhe, homem também pode participar  O sigilo é garantido, pode falar!Fale comigo no zap – 22 99806-8537 ou por e-mail – camilarauppcom@gmail.com