sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sexo Semanal - Sexo a Três ou Ménage a Tróis?

O sexo a três já virou moda, quase démodé, quase como quem pergunta – E aí, já pagou um boquete? Com raras exceções, a grande maioria de casais com quem converso afirma que se ainda não fizeram, foi por falta de oportunidade ou de encontrar a pessoa certa.

No último sábado estava na praia escolhendo um tema para essa coluna, e acabei meio sem querer encontrando em uma revista um artigo sobre sexo a três. Como tenho uma amiga que me pede sempre para escrever sobre o tema, achei que era uma junção cósmica favorável.

Sexo a três é como qualquer outra fantasia, o primordial é ter consentimento mútuo e estabelecer regras. Sem isso o que é pra dar tesão vira um problema no relacionamento. Aliás, tudo no sexo deveria ser assim.

A escolha do parceiro não é tarefa fácil, pelo menos para as pessoas com que conversei e nas minhas pesquisas, o mais importante é definir quem será o parceiro e se será um parceiro ou uma parceira. Dois homens e uma mulher ou duas mulheres e um homem – esse segundo em geral, é o mais comum. Mulheres sentem-se mais à vontade com amigas, pessoas mais próximas. Esse lance de prostitua em um sexo a três é delicado. “Minha primeira experiência foi com uma amiga, foi muito bom, a gente curtiu pra caramba. Foi estranho, mas ao mesmo tempo excitante ver uma mulher gemendo, sentindo prazer. Foi lindo, mas nossa amizade acabou. Não conseguimos mais ser amigas”.

  
A escolha tem de ser cuidadosa, e de certa forma a busca por esse parceiro devolve a alguns casais, segundo especialistas, a cumplicidade perdida com o passar dos anos em uma relação. “Quando eu e o meu namorado resolvemos tentar o sexo a três, foi depois de uma longa negociação. Eu escolhi a parceira, freqüentamos bares que nos indicaram, nos decepcionamos em alguns encontros. E isso tudo foi nos dando mais oportunidade e novidade no relacionamento. Era uma busca conjunta. No fim, a gente nem chegou a transar a três. O namoro acabou, mas foi divertido, talvez isso tenha nos dado mais tempo e impedido que terminássemos de forma mais agressiva. Ainda não desisti, no meu relacionamento atual, vou tentar”.

O artigo que citei no começo desse texto falava exatamente sobre essa procura. O sexo a três ainda sofre muito preconceito. E nem sempre os casais conseguem conversar sobre isso abertamente. Por isso, um novo App vem fazendo sucesso entre os casais que buscam discrição, mas ao mesmo tempo diversão. É o 3nder, um App desenvolvido a partir do tinder (App para solteiros) e que já tem cerca de 345.000 participantes. Lá você pode entrar pelo facebook ou incógnito, super democrático. Uma vez no aplicativo você pode curtir os perfis que mais lhe interessar, o programa checa as suas escolhas e uma janela é aberta. A janela dura três dias, para que você possa marcar um encontro e ver se rola. Depois disso, a janela fecha e tudo começa de novo.

Conversei com alguns “especialistas” em sexo a três que me passaram algumas dicas. A principal é não ter pressa. “Ninguém quer sair tirando a roupa feito louco e agarrando todo mundo de cara. O lance é colocar um som, tomar um vinho, relaxar. As coisas vão acontecendo e tudo vai fluindo”. Sim, existem regras para a transa a três, e lembre-se, são duas pessoas para você satisfazer. Sim, a sua maior preocupação deve ser dar prazer e não só receber. “Não rola sexo toda hora, uma hora você vai ficar meio sem ter o que fazer, invente. Inventar é uma boa alternativa, nem tudo são buracos”.

Mas quando se pensa em sexo a três, o mais comum, que vem à mente são duas mulheres e um homem. Mas algumas colaboradoras fizeram questão de lembrar que existe e muito dois homens e uma mulher. “É demais a sensação de poder que se têm quando você é o centro das atenções de dois homens. Te desejando, te querendo, beijando. Eu adorei a experiência. Pretendo repetir a dose em breve”, disse uma amiga que vejo pouco mas está sempre presente.

Esse ainda é um tabu, a maioria apenas me respondeu que nunca tentou e que não tem vontade, simplesmente por ser ciumenta ou porque tem dificuldades de aceitação. Mas nenhuma descartou a hipótese de em um futuro próximo com a pessoa certa tentarem o tão desejado – pelos parceiros em especial – sexo a três.


A liberação sexual das mulheres é sempre chocante, mesmo para mim que falo sobre isso desde sempre, não acreditava que poderia encontrar tantas opiniões sobre um tema tão cercado de tabus. Minhas amigas, de perto e de longe (esse é o poder da internet), têm mesmo muito a acrescentar. 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sexo Semanal

Não vou fazer rodeios, o tema da coluna de hoje é Pornô.

Sim, as mulheres assistem pornô. Umas porque sentem tesão mesmo, outras por curiosidade, outras para agradar o parceiro, enfim quer sua mãe queira ou não, elas assistem. Claro que assistem um pouco desanimadas por se verem mal retratadas, de forma violência demais ou com corpos masculinos de menos, mas assistem.

O que não encaixa, talvez porque muitas coisas precisam de um certo tempo para se encaixarem – se é que você me entende, é que com um público tão sedento e ávido por pornô de qualidade, com história e principalmente beleza, temos tão poucas opções no mercado.

“Eu pessoalmente não curto, o ponô foi feito para o homem, tanto que a mulher é o principal objeto dos filmes héteros. Não pensam na gente. Como eu não gosto de pornô nunca parei pra pensar no assunto. Prefiro fazer a assistir. Já meu namorado é telespectador assíduo”.

Essa fala só reforça a tese de que o mercado está cego a um publico que não encontra o feedback para seus desejos. Não posso deixar de citar também de que a mulher foi criada para não gozar, aliás, esse foi um dos temas que abordamos por aqui. Se a mulher não goza, não pode sentir tesão e muito menos falar sobre isso em público, ela não consome pornô.

O preconceito com quem se diz espectador de pornô é grande e geralmente é um assunto pouco comentado. Em parte porque são situações que acontecem em momentos de particularidade, dificilmente um casal vai marcar de ver um filminho pornô em grupo. As questões sexuais são ainda muito pouco exploradas em grupo. É sempre preciso alguém “puxar o bonde”, e depois, ninguém segura.

“Eu adoro!!Adoro tudo e o que mais me deixa excitada é o menagé, fico com muito tesão. Mas ainda não fiz, infelizmente. Tanto faz dois homens ou duas mulheres”, disse uma delas mais saidinha. Essa fala me deixou intrigada, fiquei pensando em como somos amigos das pessoas, mas não ousamos falar de sexo e muito menos sobre desejos e fetiches. Mas basta uma brecha e todo mundo quer falar ,e muito.

As cenas de sexo nos filmes pornô são feitas para atender fetiches masculinos, “Meu namorado sempre me chamava para assistir pornô com ele, resistia porque quando adolescente assisti um em que uma mulher recebia um banho de porra. Eram cinco homens enfileirados, e todos gozavam na boca dela. Saí da sala e fui vomitar. Dali pra frente tinha medo de assistir pornô. Resolvi ceder. Curti muito e a gente transou muito gostoso. Foi preciso coragem para me libertar daquela cena”. As más experiências com o pornô estão nas conversas, e as reclamações também. “Queria ver mais história, mas ao mesmo tempo, essas historinhas me dão idéias para transar com meu marido, não tem jeito tem uma altura do relacionamento que a fantasia se faz necessária”, disse uma das leitoras.

Uma pesquisa da Playboy revelou que 49% dos assinantes do canal Sexy Hot  são mulheres. Um número bem significativo. Um canal holandês passa sexo explícito direcionado à mulheres 24 horas por dia, sete dias por semana. E já conta com mais de 1 milhão de telespectadores.  Dito isso, o pornô seria o novo pretinho básico das mulheres?

“Eu assisto sozinha, as vezes estou cansada, estressada, com a cabeça cheia e ligo lá, assisto lavando louça, cozinhando, me dou esse direito”, disse uma delas. Essa porém, é uma exceção, 60% das entrevistadas em uma pesquisa afirmaram que assistem pornô acompanhadas do parceiro. Será que assistir acompanhada dá à mulher a sensação de não estar cometendo nenhum pecado? Afinal, estou com meu companheiro. É, pode ser.

“Não acho que o pornô foi feito pra mulher, o foco é masculino. Tem muita mulher gostosa pra pouco homem gostoso nos vídeos”, comentou uma delas entre gargalhadas. 

“Não assisto. Já assisti, óbvio. Mas parece ter sido feito para o o homem. Reflexo da sociedade patriarcal e machista. Minha sensação é de que a mulher ocupa sempre a posição de objeto, não sendo vista como quem também sente prazer, entende?, respondeu uma delas de forma mais filosófica.

E nem quis entrar muito a fundo nas questões de machismo e misoginia, mas é impossível não citar, já que na verdade a mulher  sofre muito mais preconceito quando se diz espectadora de pornô. Mas essas questões são para outra coluna em um outro momento.

Existem opções, inclusive em sites, para que esse público tão negligenciado não fique a ver navios, o Google oferece coisas trash, bizarras e feias, mas existem opções de bom gosto para atender essa demanda crescente. Poucos mas existem, fuçando bem você encontra.

 “Quando era adolescente eu adorava aqueles filminhos do Multishow depois de meia noite, nem aparecia nada, e o tesão era demais. Eu nem transava ainda, curtia muito. Hoje casada, com meu marido a gente assiste, mas a gente mais ri do que se excita. Talvez porque o nosso sexo seja incrível, a gente desliga a TV e faz nosso show particular”, contou uma delas empolgada e fazendo gestos exagerados.

Ao final de cada discussão a sensação de liberdade e quebra de tabus é sempre muito prazerosa. O pornô é uma realidade. E para muitas mulheres serve como escape, preliminar, estudo. O pornô é uma opção. E para muitos casamentos, uma salvação. Viva o nosso pornô e nossa liberdade de assisti-lo acompanhadas ou não!